domingo, 2 de agosto de 2009

Visão Geral Sobre a Morte.



Estou trabalhando em um novo livro, cujo título, a princípio será "Dissecando a Morte". Trata-se de um assunto repleto de tabus. De maneira geral é um tema evitado, em virtude do medo que carrega consigo. Afinal, apesar da morte ser uma certeza, não há certeza em relação ao que se seguirá após o término do funcionamento de nossos cérebros. Tenho investigado as visões religiosas, além de explorar as visões científicas em seus vários setores, como o biológico e o relacionado à física quântica.

Do ponto de vista neurológico, seguindo a corrente científica dominante no momento, o cérebro é o responsável pela consciência em sua definição mais plena, ou seja, o funcionamento fisiológico cerebral leva à consciência. Acreditando cegamente nas determinações científicas aceitas, assim que o cérebro cessa seu funcionamento, a consciência deixa de existir. É o fim do indivíduo. Sem o seu cérebro funcionante, não haverá mais sentimentos, emoções, sofrimentos ou prazeres. É uma visão que nos mostra pontos positivos e negativos. A parte negativa seria a finitude completa de nossa existência, já que nosso reconhecimento como indivíduo depende do funcionamento cerebral. Nossa existência passa a ser curta em demasia e muito trabalho teremos para encontrar o "sentido da vida". Cada um deverá fazer sua busca desenfreada e os mais afortunados poderão encontrá-la.

A parte positiva da visão da finitude da existência acoplada ao fim da atividade cerebral é a certeza de que todos os sofrimentos cessarão com a morte. Considerando a visão de Schopenhauer, em que a vida é repleta de dores e sofrimentos, sendo a felicidade apenas quimérica e fugaz, o estado de "não ser" a que se refere o filósofo, é bastante confortável.

Somando-se a isto, a convicção da finitude nos faz viver intensamente a vida, aproveitando cada instante, exaltando os bons momentos e minimizando os maus. O hedonismo poderá estar presente com mais frequência no nosso trajeto rumo ao fim.

Em relação à visão religiosa sobre a morte, tenho feito várias pesquisas. Considerando as principais religiões conhecidas, em comum observamos a promessa de que a morte não é o fim. Elas determinam regras para que se possa ter uma existência após a morte com melhor qualidade. Algumas, como o Judaísmo, o Catolicismo e o Islamismo acreditam em um ser superior julgador, que ao término de nossas vidas terrenas irão avaliar nossos atos e então decidir que tipo de existência teremos. Já o Budismo, não apresenta o "ser superior julgador", mas coloca no exercício do livre arbítrio o fator determinante para a qualidade de "vida pós morte"que teremos. Tal conclusão remonta-nos ao "Existencialismo Sartriano", em que o ser humano deve exercer o seu livre arbítrio e assumir as consequências desse exercício perigoso, porém fundamental.

Um mundo a parte e totalmente fascinante é o da física quântica. Um mundo onde as leis de Newton, precisas em suas previsões, não se aplicam. Um mundo, além do nosso poder de observação cotidiana, onde não se pode prever os movimentos de partículas, onde um elétron pode estar presente em dois lugares ao mesmo tempo, onde quantas de luz podem se comportar como ondas e partículas em um mesmo experimento, onde duas partículas separadas "comunicam-se" instantaneamente apesar de estarem separadas por milhares de quilômetros, mantendo informações simultâneas que se transmitiriam em velocidades muito superiores à velocidade da luz. Um mundo que vem sendo explorado e que poderá, em um futuro próximo, nos levar a novas teorias sobre a consciência individual e a possibilidade de continuarmos existindo em essência "noutras dimensões" em "mundos paralelos".

Não espero chegar a conclusões inquestionáveis ao término de meu livro, porém conseguirei conhecer mais sobre o assunto "morte"e nas discussões com os meus futuros leitores, aprofundar-me nos vários aspectos a serem discutidos.


DR. MILTON C. R. MEDEIROS.

4 comentários:

Unknown disse...

Olá! Feliz em ler novas postagens, principalmente sobre um tema complexo como este, pois discorrer sobre a morte não é tarefa fácil, afinal vivemos em uma imortalidade aparente, na qual a maioria dos indivíduos buscam respostas em diferentes setores, tais como a religião, a qual oferece uma esperança de que a vida não terminará.
N que tange ao assunto, vale destacar que desde os primórdios dos tempos até os dias atuais a humanidade questiona-se a respeito do tema, porém nenhuma certeza há.
Penso que apesar de ser decisiva, tentar entender a morte pode ser um caminho para deixar de temê-la. Sem dúvidas, este é um tema interessantíssimo e que, por assim ser, desperta o interesse de todos.
Um grande Abraço!
Loana.

Milton César Rodrigues Medeiros. disse...

Olá Loana, obrigado por escrever. Interessante quando você diz que é importante discutir a morte para deixar de temê-la. Concordo plenamente com isto. O ser humano tem medo do desconhecido. Quando nos aprofundamos a respeito de um tema amedrontador, como a morte, tendemos a temê-lo menos.
Um abraço.
Milton Medeiros.

Luciano disse...

Olá Milton
Fiquei realmente muito feliz em saber que você já está preparando o material para seu novo livro.
Coisa estranha essa tal de MORTE.
Poucas coisas suscitam tanto temor e tantas opiniões divergentes.
Talvez o temor não esteja tão relacionado à finitude, ainda que o não-ser remeta a algum tipo de desamparo e frustração quando se percebe que realmente não se é o centro do universo, mas talvez esteja relacionado ao estado pré-MORTE imediato. Isso até faz sentido, pois a possibilidade de se passar por momentos cheios de sofrimento físico e emocional, que comumente antecedem a chegada da MORTE, é algo assustador, independente de quão estóica e resignada seja a aceitação do fim.
Se quanto à MORTE física não há dúvida, as opiniões divergem sobre o pós-MORTE. E aí o debate ganha ares interessantes, pois a aceitação do que pode existir depois da MORTE está relacionada à capacidade de compreensão individual. Obviamente aqui se pode desdobrar todo tipo de discussão filosófica. E espero que assim seja.
No entanto, inegável é que a MORTE também cumpre seu papel criativo, aquela MORTE glamurizada e por vezes desejada, como única solução possível ou como meio de marcar nos anais da eternidade os amores possíveis e impossíveis, MORTE esta presente nas mais variadas formas de arte.
Eu, pessoalmente, só temo a forma pela qual a MORTE me alcançará. A minha própria finitude não me assusta, embora a não-existência, a de fato e a possível, daqueles que gosto me amargure. E confesso que as facetas da MORTE que observo nas variadas formas de expressão artística, por vezes me fazem questionar se morrer não pode mesmo ser algo belo.
Aguardo ansiosamente pelo novo livro.
Luciano

Unknown disse...

... Uns dizem que a vida acaba e que tenho de aproveitar
mas de outros ouvi também com mita convicção
que a vida é só passagem e a morte, conexão.
Trecho da Poesia de Eduardo Moreira, de todas as coisas que já li sobre o assunto essa é a conclusão que mais me toca.

Adoro as leitura do blog.
Abraço
Ana