terça-feira, 18 de março de 2008

Por que Conhecer as Funções Cerebrais Relacionadas às emoções?


Acho indiscutível a seguinte frase: "o conhecimento é precedente incondicional da boa realização". Para desempenhar uma boa função em qualquer área das inúmeras atividades humanas, faz-se necessário o estudo dos detalhes do funcionamento daquela área em específico.
A área emocional é a mais presente e mais complexa a ser conhecida. Poderemos discutir, em postagens posteriores, a fisiologia emocional de maneira simplificada, acessível inclusive aos que não são especialistas nas ciências neurológicas ou psicológicas.
Para começar, é necessário enfatizar que as emoções e sentimentos acontecem em decorrência de reações químicas convertidas em impulsos elétricos cerebrais. A neurociência está distante do conhecimento completo de todos os acontecimentos fisiológicos do cérebro. Porém, já sabemos o bastante para conseguirmos mudanças para melhor no aspecto emocional e conseqüentemente no aspecto orgânico, resultando em melhor qualidade de vida. Qualquer pessoa pode evoluir emocionalmente e sem ajuda direta de outros, bastando um melhor autoconhecimento. Falo de conhecimento fisiológico e a partir disto, a capacidade de ativação de diferentes vias neuronais para mudanças de atitudes frente aos problemas.
Então, é possível estruturar-se emocionalmente, primeiro conhecendo mais sobre a fisiologia emocional, depois entendendo o funcionamento orgânico nas situações de "tempestade emocional" e por fim, buscar a harmonia razão-emoção.
A tendência científica atual é a valorização desta harmonia. Este paradigma é relativamente recente.
Na maior parte da história humana houve uma supervalorização da chamada racionalidade, deixando a emoção como sendo sinônimo de "fraqueza". Platão, por exemplo, dizia que as paixões nada mais eram que bestas selvagens tentando abandonar o corpo. Ele defendia a idéia de que os deuses teriam plantado a semente divina no cérebro dos humanos, permitindo o raciocínio.
Descartes entrou para a história da filosofia com a sua famosa frase "penso, logo existo". Enfatizava a separação razão-emoção, atribuindo superioridade do racional sobre o emocional.
Kant também dava superioridade a razão e dizia da impossibilidade do encontro da racionalidade com a felicidade. Afirmava que se Deus tivesse criado o homem para ser feliz, não o teria dotado de razão, além do mais, definia paixões como "enfermidades da alma".
Esta visão dicotômica prevaleceu por muito tempo e ainda encontra força em algumas sociedades contemporâneas.
Jean Piaget, já no século XX, começou os questionamentos sobre esta dicotomia.Afirmava que razão-emoção são diferentes em natureza, mas inseparáveis em todas as ações humanas. Toda ação que se pratica tem em si um aspecto cognitivo e um aspecto emocional. A emoção seria a energia pela qual a cognição funciona.
Henri Wallon, contemporâneo de Piaget, publicou muitos trabalhos advogando a harmonização razão-emoção. Tentou compreender as emoções, dando-lhes papel fundamental na evolução da consciência individual. A formação intelectual dependeria das construções afetivas.
Atualmente existem inúmeros estudos focados nos conteúdos emocionais cerebrais. A falta de crença na relação funcionamento orgânico-atividade emocional está desaparecendo, mesmo entre os mais conservadores, pois as evidências científicas são muitas e irrefutáveis.
Poderemos discutir estes estudos em outras postagens deste blog.
Então, " viva " à harmonia razão-emoção!!
Milton Medeiros.

8 comentários:

Unknown disse...

Acredito que seja imprescindível para o entendimento da arte de conviver socialmente que a razão e a emoção sejam complementares...as atividades emocionais precisam ser temperadas e refinadas com o uso criterioso da ciência e pensamento crítico....Um abraço!!!!

Milton César Rodrigues Medeiros. disse...

Ótimo comentário Lô. A harmonia razão-emoção é fundamental no convívio social, e mais que isto, é importante para a melhora da qualidade de vida individualmente. Quando temos a capacidade de " insight", conhecendo assim melhor nossos sentimentos, passaremos a ter um certo grau de controle sobre os mesmos, como discutiremos em futuras postagens do blog, havendo assim melhora da qualidade de vida. Não defendo a superioridade da razão em decorrência da emoção, mais sim a integração harmônica destes 2 conceitos.
Um abraço.
Milton Medeiros.

Leidiane disse...

Acredito que a razão só aparece no momento de sofrimento do ser humano,desta maneira a emoção é muito mais valorizada,porém concordo com você em dizer que devemos nos conhecermos melhor para podermos assim,nos controlarmos e harmonizarmos a razão e a emoção...Abraço!!!!!

Milton César Rodrigues Medeiros. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Milton César Rodrigues Medeiros. disse...

É isso aí Leidiane. Tudo começa pelo próprio conhecimento interior.
Um abraço.
Milton Medeiros.

Cervantes disse...

Miton;
Fabulosas as suas colocações em relação a interação entre fisiologia neuronal e emoção!
Precisamos de estudiosos como vc para despertar na comunidade científica questionamentos sobre o que realmente é ou não científico!
Precisamos desbravar paradigmas!
"Este desconforto humano" é que traz crescimento para a nossa sociedade/comunidade!
Continuarei a acompanhar, om muita curiosidade suas próximas definições e pensamentos!
Muito obrigado!
Parabéns!
Seu velho amigo, Cervantes!

Milton César Rodrigues Medeiros. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andréia disse...

Segundo Rousseau...Se é a razão que faz o homem, é o sentimento que o conduz.
Se não mantivermos nossas emoções bem nutridas, nossas chances de conviver socialmente ficam reduzidas a quase zero. Vimos que nós conseguimos até agora porque desenvolvemos uma forma de expressão emocional sofisticada e útil. Sabemos que ocasionalmente essa expressão tem seus problemas, principalmente quando ocorrem desvios e irracionalidades. Mas também sabemos que nosso gosto pela vida que instintivamente temos deve muito as nossas origens emocionais. Somos seres sociais, organismo que sentem prazer em compartilhar, colaborar e interagir. Somos seres sofisticados, com emoções de alto nível como, altruismo, solidariedade, compaixão. Mas é imprescindível que essas atividades emocionais sejam temperadas com o uso da racionalidade.Sabendo tolerar e respeitar as diferenças individuais e buscando o convívio pacífico teremos todos as chances possíveis de uma boa convivência.
Um grande abraço e parabéns por este Blog maravilhoso e que nos ensinará muito.