terça-feira, 1 de abril de 2008

Conceitos para inteligência.


Quando alguém diz que sou inteligente, isto me torna mais alegre. Mas afinal, como definir inteligência?
Como definição generalista, eu diria que inteligência são as capacidades de observação, apreensão e memorização dos fenômenos que nos cercam, mas principalmente o poder de correlacionar estas capacidades de maneira aleatória para a resolução de problemas, sejam eles quais forem.
Os métodos de mensuração da inteligência são subjetivos, pois nenhum é capaz de avaliar todas as suas nuances. O mais conhecido é o teste de Quoeficiente de Inteligência (QI). Este avalia o raciocínio lógico-matemático e a fluência verbal.
Recentemente, a neurociência vem aprofundando-se na chamada inteligência emocional. Esta diz respeito à capacidade de autoconhecimento, empatia, capacidade de relacionamento com o próximo e boa administração das próprias emoções.
Um indivíduo de alto QI, porém com pouca inteligência emocional, poderá ter menos sucesso na vida que uma pessoa de QI não tão alto, porém com boa inteligência emocional. Então, definir alguém como "inteligente" apenas por possuir um alto QI não parece algo plausível.
Há teorias que compartimentalizam a inteligência. Como exemplo podemos observar um craque no futebol com dificuldades imensas de expressar-se com palavras. Ele é dono de uma grande capacidade de controle motor e tem uma ótima função visuoespacial. Portanto, áreas cerebrais com grande desenvolvimento. Dentro do campo será capaz de resolver os problemas contidos num jogo de futebol com grande maestria. Já na hora da entrevista...
Este jogador de futebol é inteligente? Bem, se considerarmos a definição generalista de inteligência que coloquei no início, sim, ele é inteligente.
Um outro exemplo interessante é o do grande escultor e arquiteto de Roma, Bernini. Fez obras-primas na arquitetura como o projeto da cúpula da catedral de São Pedro, esculturas maravilhosas como a de Santa Tereza Dávila. Também fez um busto de Constanza Buonarelli (foto acima), sua noiva. Esta última obra é de rara beleza, mostrando todo o desenvolvimento do córtex cerebral motor do autor e excelente memória visual.Quem ousaria dizer que Bernini não foi inteligente? Porém, este mesmo Bernini foi capaz de "retalhar"com uma navalha o rosto de sua amada Constanza após uma crise de ciúmes. Ora, e a capacidade de autocontrole emocional do nosso gênio da arte, onde estaria? Isto nos mostra que o seu sistema emocional (sistema límbico), não era desenvolvido, ou seja faltava inteligência emocional para Bernini.
Seria possível Bernini ter desenvolvido sua inteligência emocional tanto quanto desenvolveu a sua inteligência para a arte? Seria possível o jogador de futebol desenvolver a sua capacidade de fluência verbal?
Tentarei mostrar em postagens posteriores que sim.
Poderemos discutir a respeito de ativações de vias neuronais, determinando as capacidades individuais e mostrando neurofisiologicamente que podemos desenvolver qualquer tipo de inteligência, em especial a emocional.
Aguardo os comentários para definir o próximo tema para postagem.

Milton Medeiros.
Neurologista. Membro Efetivo da Academia Brasileira de Neurologia.

2 comentários:

Unknown disse...

Boa tarde!!!!!!
Então podemos desenvolver "qualquer" tipo de inteligencia!!!! Isso é interessantíssimo!!!Talvez essa idéia poderia ser mais desenvolvida...Abraço!

Dr. José Cervantes disse...

Dr. Milton;
Parabéns pela explanação sobre a inteligência. Acho que a grande "sacada"está na capacidade, ou plasticidade de cada um de nós podermos adaptar a nossa inteligência, especialmente a intelectual. Não desenvolver a inteligência emocional acredito ser o mesmo que o cérebro viver sem o coração; acho isso impossível. A falta de inteligência emocional pode desmoronar a qualquer gênio. Aguardarei com prazer o próximo tema!